sábado, 30 de outubro de 2010

Crônicas

Voto nulo à familiaridade
Lucas Fontes

Agora pude ver como essas eleições de segundo turno mexem com as pessoas. Minha filha quase morre quando falei que ia visitá-la. No começo pensei que ela não queria me ver, mas depois ela se explicou:
 – Como assim pai! Tanto dia pra me visitar e o senhor escolhe logo o domingo. Você precisa está na sua cidade pra votar.
– Mas filha, eu quero viajar e aproveitar essa folga. Meu voto será nulo.
– O que? Pai, isso está errado! Eu sou capaz de não ficar em casa pra lhe receber. Escutou?
Pois é! A cabeça de algumas pessoas pira nessa época de eleição. Alguns ficam tão malucos que chegam a apostar o pouco que tem. No caso da minha filha, eu entendo porque ela teme tanto a diferença ou não do meu voto quase inválido. Ela estuda Economia numa faculdade particular, mas não paga um só centavo por esse estudo. O medo é grande em perder a bolsa, mas sinto que estou ficando velho e já chego a comparar esse medo de perder o estudo, com a perda de um pai. Sei que isso é coisa do meu velho juízo. Já tentei evitar, mas desisto e quando estou só, a situação piora.
Esses candidatos e até mesmo essas eleições não tem garantia nenhuma. Quando estamos seguros em algo que fazemos ligados à política brasileira, a única certeza é a gratidão pelo domínio nada democrático no qual seguimos, achando que somos beneficiados com um belo presente, sei lá, um diploma de Economia talvez. Queria que minha filha pensasse no quanto todos os brasileiros perdem. Ou ela ficaria maluca, ou aclamaria pela minha presença fraterna.

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